Diário de uma pseudo-depressiva


Vai o amor, fica a sensação - familiar e eterna - de não ser o suficiente. Dentre os fatos, um se sobressai perante os demais: sou vazia feito a mãe cujo filho morre no parto. 

A semana passa, mas fico ciclicamente presa num infinito domingo do qual nem o mais doce perfume consegue me libertar. A carcaça, mergulhada no álcool, na verdade lembra um cadáver. 

A dor é incisiva e lacera a carne como bisturi afiado. Nas horas vagas, alimento a vontade de querer morrer só um pouquinho, só o suficiente pra ver se os outros sentiriam minha falta. 

Nego carinho porque não o mereço. Vago sozinha, pesada, problemática. Uso a vírgula como a melhor amiga que nunca tive e, por amá-la mais que a mim mesma, chego à conclusão que perder a mão seria pior que perder um filho. 

Ouço músicas. Enxergo poesia no sofrimento. Tenho mortes diárias, mas sutis. 

Vivo.

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