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Aumento histórias porque meias tragédias não vendem livros. A receita da supervalorização da desgraça é fácil: não há problema que não possa ser piorado com um mínimo excesso de pensamento. A vida começa e termina no tédio, viu? Pra você que acha que o futuro reserva algo diferente disso aqui, minha pena. 

Não me leve a mal, meu bem, existem dias que servem como oxigênio nos meses de mais profunda asfixia, eu até sei. Mas eles vêm contrapostos a acontecimentos tão irrelevantes que terminam virando lembranças mergulhadas no açúcar: de tão doces, provocam cárie. Sou linha que não consegue acertar o buraco da agulha: deslizo desesperada tentando tecer mas meus movimentos saem todos desconexos. E eu me transformo nessa pessoa tão apagada que se não for metáfora não é nada.

Meus textos não têm conteúdo. Sou eu falando de mim, primeira ou terceira pessoa, num ciclo egoísta que insiste em se completar diariamente. Só proponho perguntas se elas não têm respostas. Existe cura pra amargura? Existe espanador que tire o pó da vida? Existe saída pra alguém que já não vê amor? (Aliás, aqui vai um segredo: amor não é sentimento - é hábito.)

Minha maior surpresa é ter chegado aos 19 anos com tão pouca hemorragia interna. Com tão poucos plurais mal feitos. Com tão pouco o que acrescentar a qualquer pessoa. Até quando? 

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