Banquete

Cuspo palavras como quem quisesse parar de desperdiçar tudo
Queria me curar a ponto de não precisar mais curar os outros 
A ponto de aplacar o zumbido que vem de dentro
E acalmar o coração que insiste em brincar de dança das cadeiras sozinho
É exaustivo perder amores como quem perde dedos
Porque a dor é sempre física
A pior parte de ser adulto é lidar com a fome
Meu coração é self service, meu bem
E eu sou feita de gula
Mas as folhas do coqueiro continuam se dobrando ao vento
Como eu 
Que dobrei às vontades de todos os outros
Que nunca fui banquete
Que suei tentando não morrer tantas vezes
Mas morri
E hoje sou oceano não pra te desaguar
Mas pra tentar preencher de água os buracos


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