but we were something, don't you think so?

É isso. 

Passou um ano. 

E hoje é a primeira vez que eu me permito escrever sobre você. Não porque faltou saudade, não - mas porque eu sei que era seu desejo. Você queria que eu escrevesse, que reclamasse, que sentisse aquela dorzinha nostálgica, e eu não podia te dar a satisfação. Deve ser por isso que há meses parece que eu engoli uma meia.
 

E a dor de te ver me apagando me cala e ensurdece.  E olha que eu esbravejei tanto até aqui.
Saudade de te ver me ensinando sobre poemas - mesmo que eu soubesse muito, muito mais que você (e você sabia que eu sabia)
De te ofender com palavras raivosas e mesmo assim ver a admiração nos seus olhinhos desesperados
Da risada tão fácil
Saudade de comprar energético à meia noite num posto de gasolina fora de mão
Das lágrimas - que também sempre foram tão fáceis pra gente, né?
De andar de mãos dadas por ruas nem tão vazias
De te explicar da vida e você me explicar de tantas outras coisas
Saudade de te convencer a caber nas minhas caixinhas
De saber que, pra você, sempre fui eu
Dos gritos, das dores, das epifanias sempre tão, tão erradas
Das leituras sociais mal feitas
Das decepções
Das metáforas (tantas) que você achou que entendia e que me deixaram sem ar mais vezes do que eu sabia contar
De me iludir achando que eu sempre fui sua única
Dos joguinhos mentais egocêntricos, das palavras não ditas
De me achar jovem demais para abarcar todo o sofrimento da cidade
Saudade de te ouvir dizer que a gente tinha morrido meses antes
(Se a gente morreu mesmo, por que você continua enviando flores pra lápide?)

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